A liberdade é para se usar na construção da paz
e do desenvolvimento das pessoas e das comunidades,
no presente e no futuro.
Criado em maio de 1974, o CIDAC nasce do trabalho realizado pelo grupo do BAC (Boletim Anti-Colonial, publicado clandestinamente a partir de outubro de 1972) que lutou contra o regime colonial do Estado Novo, fundamentalmente através da produção e disseminação de informação sobre as lutas de libertação em curso.
A sua intervenção assenta desde o início num compromisso assumido com um conjunto de valores, dos quais se destacam: a solidariedade, a justiça nas relações internacionais, o reconhecimento e a valorização das identidades e dos recursos locais, o papel específico da sociedade civil na procura e construção de soluções alternativas, a independência e autonomia face aos poderes instituídos e a intervenção em parceria. Ao longo dos anos, e a par de uma evolução marcada pelas transformações ocorridas em Portugal, nos países de língua oficial portuguesa e a nível mais global, os focos temáticos desta intervenção têm vindo a alterar-se, num percurso que se procura coerente com os princípios orientadores.
Atualmente, a ação do CIDAC centra-se nas questões da Economia Social e Solidária, que concretizamos de formas muito diversas em Portugal, na Guiné-Bissau e em Timor-Leste, frequentemente em parceria com outras organizações. A manutenção de uma Loja de Comércio Justo, o trabalho contínuo com comunidades educativas na área da Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global, o fortalecimento de organizações produtoras e de organizações da sociedade civil, e a produção e disseminação de informação são algumas das áreas de atividade em curso.
Nas opções que vão sendo feitas, procura-se operacionalizar a interação existente entre as áreas da Cooperação e da Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global, tanto a Norte como a Sul, caminhando simultaneamente para uma especialização da nossa prática e para um entrelaçamento com a de outros, no sentido de criar maior capacidade de gerar mudanças significativas.
Do ponto de vista legal, o CIDAC é uma associação sem fins lucrativos, com estatuto de Utilidade Pública reconhecido desde 1989, e uma ONGD desde 1994. O modelo organizacional caracteriza-se pela aposta numa pequena equipa permanente, complementada por um conjunto alargado de colaboradores/as regulares, voluntários/as e estagiários/as. Desde as suas origens, o CIDAC assume-se também como um espaço de acolhimento para o trabalho de coletivos (formais e informais) que intervêm na esfera alargada dos princípios que defendemos.
O CIDAC é associado da Plataforma Portuguesa das ONGD (da qual é membro fundador), e membro da Rede de Educação para a Cidadania Global desde a sua fundação em 2013. Desde 2002 é membro do GENE – Global Education Network Europe. Integra também a Comissão de Acompanhamento da ENED – Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento, constituída em 2010.
Em 2004 a associação foi condecorada com a Ordem da Liberdade (Portugal) e em 2008 recebeu a Ordem do Dragoeiro (Cabo Verde).
O arquiteto Nuno Teotónio Pereira acompanhou desde o início a vida do CIDAC. A criação de um Centro de Documentação, aberto ao público em geral e focado na luta anti-colonial, bem como o trabalho de informação, sensibilização e mobilização política em torno desta causa teve as suas raízes na atividade clandestina do BAC – do qual o arquiteto era parte – e muito particularmente, na possibilidade de fazer uso do seu espólio documental. Sempre disponível e atento às atividades da organização, foi por proposta dele que, em 2004, o acrónimo CIDAC, que até aí significava Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral, passou a significar Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral, procurando refletir uma atividade que, desde as suas raízes ligadas à informação/documentação, se tinha entretanto tornado mais abrangente. A atual sede do CIDAC, que implicou a reabilitação de um edifício municipal, resulta da sua generosa oferta do projeto de arquitetura, bem como do trabalho de acompanhamento da obra, que foi garantido por Luís Borges da Gama e por ele próprio.
Janeiro de 2022
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CONTEÚDOS RELACIONADOS
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Ver Espólio no CIDAC