Assuntos pessoais

Casa com Irene Buarque de Gusmão, em Lisboa

1974

Atividade política
É libertado da prisão de Caxias, com todos os outros presos políticos (27 abril)
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Atividade política
É co-fundador e dirigente do Movimento de Esquerda Socialista (MES) (1974-1981)
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1978

Assuntos pessoais
Nascimento da primeira neta, Alice, em Lisboa
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1982

Assuntos pessoais
Casa com Irene Buarque de Gusmão, em Lisboa

1987

Assuntos pessoais
Nascimento do segundo neto, Tiago, em Marvão
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Arquitetura Habitação Prémios
Projeta o conjunto habitacional de Laveiras, concelho de Oeiras. Com Pedro Viana Botelho (1987-1992)

1993

Arquitetura Prémios
Projeta a Estação de metro do Cais do Sodré, em Lisboa. Com Pedro Viana Botelho (1993-1998)

Conheci o Nuno no Verão de 1974 num encontro em que fui entregar uma tese de doutoramento a ele dedicada pelo arquiteto Brasileiro Joaquim Guedes.
Estava em Portugal desde Março de 1973, como bolseira de artes plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian e preparava uma exposição como bolseira. A partir de 1975 o Nuno passou a acompanhar esses trabalhos, “As Muralhas de Lisboa” dezanove pinturas circulares para as quais o Nuno desenhou um “cavalete invisível” em que mantinha as obras suspensas do chão nos jardins da Gulbenkian. Uma situação difícil na qual assumi total responsabilidade pelo risco naquele Verão Quente de 75. A partir daí iniciamos uma colaboração em trabalhos fotográficos e livros no seu atelier, em tempos difíceis, sem novos projetos. Assim cimentou uma grande amizade, longas viagens e o bom relacionamento com as respetivas famílias levou ao nosso casamento em 1982.

Sou natural de São Paulo, Brasil e formada em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado, 1964/1968.
Anos do período mais negro da ditadura militar, com a aprovação do AI-5 Ato Institucional nº 5,que retira todo tipo de garantia jurídica aos cidadãos. Tempos de grande insegurança para os jovens e era um ato de rebeldia ir a concertos de música ou assistir à peça Roda Viva de Chico Buarque poderia dar em prisão.
Vivia em casa dos meus pais, junto a Av. Paulista e ao MASP-Museu de Arte de São Paulo, onde em 1971 frequentei um curso de História da Arte do prof. José Augusto França, que foi o orientador da minha Bolsa em Portugal.
Nesse mesmo ano de perto vi e senti o enorme aparato da polícia militar e já em casa ouvi as rajadas de metralhadoras que executaram Carlos Marighella o principal opositor do regime e que atingiram a casa onde vivia o Fernando Lemos.

Foi nesse período conturbado que iniciei as minhas atividades artísticas. Começando em 1965 como assistente de cenografia de Maria Bonomi, sob direcção de Antunes Filho. Estagiei depois no atelier de Amélia Toledo onde conheci Fernando Lemos, que foi quem mais me incentivou a concorrer a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.
Nesse mesmo ano a nomeação para o júri da Bienal de São Paulo de três militares e dois críticos e ter sido interrogada por ter feito uma serigrafia em tons de vermelho foi a gota d’água!
Felizmente obtive a Bolsa e em Março de 1973, vinda de Paris, chego a Lisboa. Menos de um ano depois tive a sorte de viver o 25 de Abril, que foi determinante para continuar a viver em Portugal.

Desde estudante participei nas Bienais de São Paulo de 1967 e 1969, em 1968 na New York University USA, 1971 Jovem Arte Contemporânea no MAC-USP obtive o Prémio de Aquisição e tive a minha primeira exposição individual na ARS Mobile em S. Paulo, 1972 na G.Arnaud no Rio de Janeiro, 1975 na Fundação Gulbenkian Lisboa.
A partir daí continuei a fazer inúmeras exposições individuais e colectivas na Galeira Quadrum, Galeria Diferença, Giefart, Museo Vostell Espanha, Gulbenkian de Paris, Maison du Livre em Bruxelas, Centro Cultural de Berchem em Antuérpia, entre outras.
Estou representada em colecções públicas e privadas, destacando MAC S. Paulo, Pinacoteca do Estado de S Paulo, FUNART Rio de Janeiro, New York University, Museo Vostell Espanha, MAM de S Paulo, CAM e Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Casa da Cerca em Almada, colecção Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, Nicole Altonian em Paris, Fundação Helga de Alvear, entre outros.

Na Arte Pública: Prémio Repsol para o conjunto escultórico na auto-estrada A6, Vendas Novas; Menção Honrosa “Ideias para o Metropolitano de Lisboa” e intervenção plástica na estação da Ameixoeira; Painel de azulejo colectivo “1ª Carta de Lisboa”, nos 30 anos da Galeria Ratton instalado junto à Assembleia Municipal de Lisboa.

Colaborações com o Nuno: Reabilitação do Terceiro Piso dos Paços do Concelho de Lisboa a convite da CML, peças escultóricas e desenho de piso; escultura monumental “Portas da Cidade” no Montijo, a convite da CM do Montijo; conjunto escultórico na reabilitação da Praça do Município da Covilhã, a convite da CM da Covilhã.

Comecei a colaborar com o atelier do Nuno em 76 com fotografias do projecto do Restelo, aplicação da cor interior no projecto da igreja e centro Paroquial da Boidobra na Covilhã, levantamento fotográfico para o estudo Evolução das Formas de Habitação Plurifamiliar na Cidade de Lisboa, Primeiro Prémio no concurso de Reabilitação do Elevador de S. Justa (não executado).

Livros: Portugal: um Guia para o Processo, Montijo: um Património a preservar, Santo Isidro de Pegões: contrastes de um Património a preservar.

Fizemos ambos parte do núcleo fundador da Cooperativa Diferença, no antigo espaço da galeria Grafil de Monteiro Gil. Eu estive na direcção desde a sua fundação com Helena Almeida e Ernesto de Sousa e na presidência da Direcção de 2000 a 2021.
O Nuno desenhou com o arq. Artur Rosa o projecto da nova Galeria Diferença em 85/87, em que ficou muito evidente o respeito pelo edifício antigo que continuou no espaço da Galeria, e pelas pré existências do antigo pátio como os tanques, o mosaico da Sara Afonso, bem como as árvores plantadas por Almada Negreiros.

Irene Buarque

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