Atividade política

É co-fundador da publicação clandestina Direito à Informação (1963-1969)

1957

Assuntos pessoais
Nascimento da terceira filha, Helena, em Lisboa
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Arquitetura
Trabalha em associação com Nuno Portas (1957-1974)
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1962

Arquitetura Igreja católica Prémios
Participa no concurso para a construção da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa. Com Nuno Portas. 1º Prémio (1962-1976)

1963

Atividade política
É co-fundador da publicação clandestina Direito à Informação (1963-1969)

1964

Atividade política
É co-fundador da cooperativa cultural Pragma (11 abril 1964-1972)
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1965

Arquitetura Prémios
Projeta o edifício comercial conhecido como “Franjinhas”, em Lisboa. Com João Braula Reis (1965-1969)
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1967

Atividade política
É preso pela primeira vez, no âmbito do processo de encerramento da cooperativa Pragma (6-10 abril)

Numa entrevista dada em 1998, à pergunta “Quais eram os objectivos desta cooperativa [a Pragma] e como é que foi recebida pelo regime fascista?”, o Nuno respondeu: “Gostava antes de assinalar o momento fundamental para a minha tomada de consciência política, porque durante uma série de anos eu não me preocupei muito com a política: tinha a minha profissão, preocupava-me um bocado com os problemas sociais, e a ligação entre a profissão e essa preocupação social era feita através do estudo e dos projectos de habitação, e esse trabalho na área da habitação contribuiu bastante para a minha consciencialização política, porque comecei a ver com muita clareza afirmações de responsáveis políticos em relação a grandes problemas nacionais, como era este da habitação, que não correspondiam àquilo que se concretizava, àquilo que se fazia e portanto havia uma clara distância entre essas declarações e a política que era praticada pelo regime. Mas houve um momento em que se deu de facto uma viragem, que foi a campanha eleitoral do General Humberto Delgado. O General Humberto Delgado, como se sabe, fez uma campanha desassombrada (…). Eu também fui levado pelo seu exemplo e pelo seu apelo, e passei a partir dessa altura a militar activamente na oposição e portanto testemunhei toda a repressão que foi feita depois dessa campanha, testemunhei a fraude eleitoral que foi praticada nas próprias «eleições».” (PEREIRA, Nuno Teotónio. “Entrevista com Nuno Teotónio Pereira” para livro a editar pela Câmara Municipal de Lisboa nos 25 anos do 25 de abril, 1998).

Dois anos depois do início da guerra colonial, o primeiro número do Direito à Informação é dedicado à repressão em Angola, denunciando em particular o caso da prisão e exílio forçado em Portugal de nove padres angolanos, “com residências fixas pela PIDE em conventos e casas religiosas dispersos de norte a sul do país. Um deles, Alexandre do Nascimento, é o actual cardeal de Luanda; outro, Franklin da Costa, é agora bispo de Lubango; outro, Manuel Joaquim das Neves, morreu em Braga e foi sepultado às escondidas , tendo o seu corpo sido trasladado há poucos anos para Angola; outro, Lino de Guimarães, foi autorizado a regressar à sua terra, mas assassinado pouco depois, outro ainda, Joaquim Pinto de Andrade, preso e deportado várias vezes, acabou por ser julgado e condenado a vários anos de cadeia em Peniche.

«Direito à informação» publicou 18 números, até 1969, os quais eram preenchidos por notícias e documentos importantes cortados pela censura, como eram a miséria imerecida dos trabalhadores (nº 2), novamente a guerra em África (nº 3), a visita, silenciada com a conivência da Igreja portuguesa, da viagem de Paulo VI à Índia (nºs 4 e 6), a repressão sobre os estudantes (nº 5), a subserviência da Igreja perante o regime (nº 8), o assassínio de Humberto Delgado (nº 9), a humilhação sofrida pelo governo português em Macau (nº 10). A partir do nº 13 (1968) a tiragem, que era de 3.000 exemplares, passou para 4 mil. No nº 15 são divulgados textos sobre a greve da Carris e é denunciada a «evolução na continuidade» de Marcelo Caetano; o nº 17 é dedicado à repressão policial e o 18 à denúncia dos interesses económicos que alimentavam o racismo e a exploração na África Austral.” (PEREIRA, Nuno Teotónio. “Imprensa clandestina de inspiração católica”. Público, 1994).


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