Já estava cego quando o livro foi lançado, mas teve o prazer de participar nesse momento de encontro e partilha .
O prefácio do arquiteto Francisco Silva Dias é eloquente e um grande convite à leitura: “Este livro pode ser lido de variadas maneiras.
É um DIÁRIO onde uma cidade feminina evoca as maleitas do corpo e da alma que a afligiram durante quase meio século juntamente com as alegrias que nesse período lhe couberam – «coisas boas, coisas más, coisas péssimas». (…)
Também pode ser lido como CARTAS onde alguém apaixonadamente interessado pela cidade vai descrevendo o que nela acontece e alinha comentários ditados ora pela razão ora pela emoção. Exactamente como quando se escreve a um familiar ou a um amigo. (…)
E se o leitor se der ao trabalho de aproveitar a grande virtude da literatura que é sugerir imagens, que cada um formula segundo a sua cultura e gosto, poderá a partir deste livro compor muitos FILMES (…).
E porque há desenhos neste livro e porque há sítios – um rio, margens, vales, colinas, casas – também pode ser um CADERNO DE VIAGENS. (…)
Também pode ser uma PEREGRINAÇÃO de olisipógrafo pois estamos perante o percurso de um olhar sobre Lisboa só que este, o de Teotónio Pereira, passa para além das pedras, estende-se às pessoas e permite cartografar com clareza sítios e problemas (…).
Poderá, finalmente, ser lido como um livro de MEMÓRIAS. Porque são coisas que em tempo foram escritas para memória futura e hoje reavivadas para que não se apague a memória.
Será uma muito singular autobiografia pois sendo raros no livro os períodos escritos na primeira pessoa, Teotónio Pereira, ao escolher os temas, ao provocar ou inserir-se em polémicas, descreve-se e, mesmo sem procurar fazê-lo, releva o papel pioneiro que tem tido na defesa do Direito à Cidade dos seus concidadãos e igualmente releva (…) a sua «maneira de ser arquitecto», o papel didáctico e de serviço público que cabe à profissão a que pertence”.
A capa e as ilustrações do livro, editado pela Câmara Municipal de Lisboa em 2011, foram compostas por Irene Buarque e André Lima, a partir de um “livro de artista”, datado de 1978/79, denominado Aparas de Lisboa, com 16 colagens de segmentos de fotografias e desenhos, da autoria de Nuno Teotónio Pereira.
CONTEÚDOS RELACIONADOS
Ver Publicação de Prédios e Vilas de Lisboa
Ver Publicação de Escritos: 1947-1996