Assuntos pessoais

Nascimento da primeira filha, Luísa, em Lisboa

1950

Arquitetura
Projeta a Fábrica do Consórcio Laneiro de Portugal, um complexo industrial de lanifícios, em Lisboa. Com António Pinto de Freitas (1950-1958)

1951

Assuntos pessoais
Casa com Maria Natália Ferreira Duarte Silva, em Lisboa (18 outubro)
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1952

Arquitetura Associativismo Igreja católica
É co-fundador e dirigente do MRAR – Movimento de Renovação da Arte Religiosa (1952-1965)
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Assuntos pessoais
Nascimento da primeira filha, Luísa, em Lisboa
 
Arquitetura Artes Plásticas Prémios
Projeta o Bloco das Águas Livres em Lisboa. Com Bartolomeu da Costa Cabral (1953-1957)

1954

Assuntos pessoais
Nascimento do segundo filho, Miguel, em Lisboa
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1956

Arquitetura
Participa no “Inquérito à Arquitetura Regional Portuguesa” (1956-1958)

Uma homenagem ao Pai viajante, do qual não herdei tanto essa costela, mas mais uma outra, associada: a de querer sempre saber o que se passa no mundo.

Lembro-me do placard grande que havia na parede da sala, no qual se iam colocando documentos relacionados com a época do ano ou com acontecimentos que todos conhecíamos. Ficou na minha memória uma sessão em que recortámos as ilhas dos Açores que o Pai tinha desenhado em cartolina amarela, no regresso de uma viagem com a Mãe ao arquipélago, que era também a terra da Avó Alice. Foram as ilhas dispostas no placard como num mapa, com postais ilustrados a condizer junto de cada uma, e falámos das visitas e das descobertas que ambos tinham feito.

Luísa e Helena, com o placard dos Açores por trás (1962)
Miguel e Helena, com o placard dos Açores por trás (1962)

 

 

 

 

 

 

 

 

Especial foi a viagem que fiz com o Pai e a Mãe à costa atlântica espanhola, no fim do meu ciclo preparatório no liceu (hoje 6º ano). Havia um plano, mas a atenção às oportunidades imprevistas comandava. Almoçávamos ao ar livre, em qualquer sítio aprazível, muitas vezes pão com chocolate, que em Espanha era barato, e eu apreciava particularmente, e jantávamos clandestinamente no quarto dos “paradores” onde ficávamos, com a ajuda de um pequeno fogão de campismo, a gás. Todo o percurso acompanhado por um mapa, que nos guiava, mas onde também registávamos onde comíamos e onde pernoitávamos.

O Pai adorava falar castelhano e daí me ficou o encanto por esta língua. Metia conversa com as pessoas, fazia perguntas sobre o que via, interessava-o compreender os modos de fazer as coisas. Convenceu-me a provar sidra, que não consegui beber, mas o gosto por experimentar o que os sítios por onde passávamos nos ofereciam de especial, permaneceu.

Foi uma avalancha de novidades e deslumbramentos. As casas de La Coruña, a terra de Santillana del Mar, as grutas de Altamira, que visitámos. A História recente do país, que o Pai ia recordando, a propósito de lugares e situações. A guerra civil, que me ficou gravada. A poesia de Rosalía de Castro, e a figura de Castelao, cujos desenhos só conheci mais tarde, e me impressionaram vivamente. Um contraste entre uma natureza e povoações magníficas, e uma vida social e política acabrunhante.

Luísa