Foi o segundo dos seis filhos de Alice de Azevedo Gomes de Bettencourt Teotónio Pereira (Angra do Heroísmo, 1895 – Lisboa, 1957) e de Luís Teotónio Pereira (Lisboa, 1895-1990), irmão de Maria Alice, Maria Teresa, Luís, João e Alberto. Família da burguesia lisboeta, com protagonismo nas áreas financeira, comercial e política.
O ambiente familiar teve profunda influência na primeira parte da sua vida, mas dele se foi politicamente distanciando, num lento processo ao longo dos anos posteriores à sua entrada na Escola Nacional de Belas Artes de Lisboa. Os laços afetivos, no entanto, permaneceram em grande parte.
Tendo vivido sempre em Lisboa, percorreu o país e conhecia o mundo, em particular a sua geografia, ao ponto de encontrar infalivelmente, pelo menos um erro, em qualquer mapa para que olhasse. “Creio que o meu interesse pela geografia teve origem numa coleção de selos que meu Avô possuía e que, quando eu tinha oito anos, decidiu partilhar com o neto, preparando-o para a responsabilidade de a conservar e desenvolver após a sua morte. A partir daquela idade tornaram-se-me assim familiares as ilhas e arquipélagos que há por esse mundo (…). E também países e colónias que desapareceram dos atlas, pois têm hoje outros nomes ou foram absorvidos ou desdobrados em novos estados (…) Era por isso que no Liceu Pedro Nunes brilhava nas aulas de geografia dos professores Belo e Cardigos, para compensar os desaires em Físico-Químicas e Matemática”. (“Do colecionador de selos ao profissional do espaço”. Apogeu: Revista da Associação de Professores de Geografia, nº 19-20, mar.-set. 2000, pp. 73-74).
Sobre a sua cidade natal escreveu: “Sonho com a hora em que Lisboa se possa dedicar a curar as mazelas que se veem em tantos lugares, a arranjar os recantos onde se acumulam detritos, a cuidar de sítios há muito votados ao abandono, a limpar-se da publicidade selvagem que invadiu a cidade, a tratar de detalhes que nem por serem pequenos desfeiam menos a nossa capital. Espero que essa hora chegue um dia, depois de terminadas as ingentes tarefas a que o Município meteu ombros neste final de século – a erradicação das barracas, a reabilitação dos bairros antigos, a despoluição do Tejo, a melhoria do trânsito e dos transportes públicos. A hora, enfim, em que os elétricos voltem a ser amarelos, em que os prédios esvaziados de gente pelos especuladores voltem a ser habitados, em que as flores dos jacarandás contracenem com as fachadas pintadas de mil cores e as pessoas gostem de passear nas ruas”. (“Sonho com a hora em que Lisboa”. A Capital, set. 1999).
Em 2005 publicou uma “Autobiografia” condensada: Do século XIX ao século XXI. E entre 2006 e 2008 foi escrevendo o que chamou de “Memórias inacabadas”, inéditos que agora se dão a conhecer.
CONTEÚDOS RELACIONADOS
Ver vários textos, entre os quais os cima referidos, na área “Notas autobiográficas”
Ver a seleção de vídeos (e dois áudios) disponibilizada pela RTP,
em particular o documentário Nuno Teotónio Pereira – um homem na cidade