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Como foi o 5º passeio guiado pela Lisboa de Nuno Teotónio Pereira

Vila Berta. Foto de Filipe Portugal
Bairro Estrela d’Ouro. Foto de Manuel Aguiar-Imagens

Foi no Sábado passado que chegámos ao fim dos passeios planeados para o centenário do arq. Teotónio Pereira. Não podíamos ter acabado melhor, pois fechámos o programa com chave de ouro: as vilas e os pátios operários.

As habitações plurifamiliares, que o arquitecto e Irene Buarque tão bem mapearam em finais dos anos 70. Num estudo que ainda hoje se mantém como referência para quem quiser saber do que foi construído em Lisboa, de finais do século XIX até aos anos 30, em termos de alojamento operário. Embora algumas das nossas vilas mais conhecidas fossem, e hoje são cada vez mais, para outros destinatários que não operários.

Foi na Graça que tudo se passou, porque, apesar de Alcântara-Prazeres, Campo de Ourique-Amoreiras, Estefânia-Penha de França ou Xabregas-Poço do Bispo, não podia deixar de ser na Graça. Porque é entre o Largo da Graça e Sapadores que subsiste a maior e mais díspar concentração de pátios e vilas da cidade. Todos habitados, diga-se, e a maior parte em condições aceitáveis, ainda que pontualmente desfigurados pela presença sufocante do automóvel e do perfil de alumínio, sequiosos de árvores e canteiros floridos.

O nosso cicerone, o historiador Álvaro Tição, foi simplesmente magnífico, conseguindo a proeza de manter atento e sem desistências, sob um sol abrasador, um pelotão de mais de 40 pessoas, que foi da Vila Sousa à recém-requalificada Vila Rosário, passando pelas Vilas Berta, Maria, o bairro Estrela d’Ouro, a Vila Rodrigues e a Cândida. Sem nunca esquecer um detalhe. O nosso muito, muito obrigado!

 

Vila Cãndida. Foto de Manuel Aguiar-Imagens

Apenas um breve apontamento pessoal.

Sempre que passo por certos locais em Lisboa, recordo a palavra e o escrito de NTP, que caíram em saco roto: a correnteza de casas humildes que foi arrasada na Av. Sacadura Cabral, o mesmo para a grandiosa Vila Raul, a eternamente maltratada Vila Santos, o Pátio do Tijolo, que não sai do limbo.

E a Vila Luz Pereira, às Olarias, que está Em Vias de Classificação desde… 2015. Porque se o está foi graças a NTP, que tão simpática e diligentemente acedeu ao nosso pedido, anos antes, para subscrever o requerimento respectivo. Seria uma bela homenagem que a DGPC faria a NTP, se finalizasse essa classificação ainda durante o Centenário.
Gostávamos de ter passado por mais vilas e pátios, mas não dava para mais.

O certo é que já temos saudades destes passeios.

Paulo Ferrero
19 de Julho de 2022

Vila Rodrigues. Foto de Manuel Aguiar-Imagens
Vila Rosário, requalificada e agora totalmente dedicada ao Alojamento Local. Foto de Manuel Aguiar-Imagens


CONTEÚDOS RELACIONADOS

– PEREIRA, Nuno Teotónio. “Pátios e vilas de Lisboa: 1870-1930: promoção privada do alojamento operário”. Análise Social: Revista do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (1994), nº 127, pp. 509-524

Pátios e Vilas em Lisboa, 2 programas da RTP (1996), autoria do arq. Manuel Graça Dias, nos quais também intervém NTP | Parte I e Parte II