Na manhã de Sábado passado, por entre as tipuanas e os jacarandás herdados do inevitável Ribeiro Telles, foram mais de uma vintena os que marcaram presença em mais um passeio em homenagem à vida e obra de Nuno Teotónio Pereira, desta vez dedicado ao contributo do seu atelier para o bairro do Restelo, mais propriamente para o novel Plano de Pormenor do Restelo da CML nos idos de 70.
Foi um passeio extraordinário, desde logo porque por aquelas ruas, travessas e escadinhas repletas de cores e criatividade, se sentiu permanentemente o fervilhar criativo de um atelier, laboratório de arquitectura, no genérico e no detalhe, mas também porque todos os presentes puderam contar com um dos autores dos edifícios como guia, o arq. Pedro Viana Botelho, que tão bem nos soube transmitir em discurso directo o “espírito do lugar”, sem nunca abdicar de uma história particular sobre este ou aquele episódio real, acompanhada de uma nota de humor irresistível.
Do morro que um dia haveria de ser miradouro, aos quarteirões amarelos e rosa de vivendas e blocos em banda de três e quatro pisos virados ao Tejo, em que, graças à simpatia de moradores, os participantes no passeio tiveram a oportunidade de entrar num deles, percorrendo as suas áreas comuns, e noutro observar de perto o interior de um apartamento.
Certamente que todos os presentes puderam absorver de uma experiência única, como que encapsulados num tubo de ensaio, e ao mesmo tempo projectar mentalmente o que toda a envolvente poderia ter sido se este plano de urbanização da então EPUL não tivesse sido interrompido como foi.
Paulo Ferrero
24 de Maio de 2022
Veja aqui o “Dossier” Restelo publicado na revista Arquitectura, nº 130, de maio de 1974.