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Nuno Teotónio Pereira, a Modernidade, o Inquérito à Arquitetura Regional Portuguesa e o Neorrealismo

Francisco da Silva Dias

Na harmoniosa língua portuguesa, CASA, FOGO E LAR têm, com ligeiras nuances, o mesmo significado – a casa será o abrigo, o fogo a sobrevivência e o lar e a lareira são o conforto e a vida de relação…
Num livro sobre o qual Nuno Teotónio Pereira sempre mostrou grande carinho, La Maison des Hommes de François Pierrefeu e Le Corbusier (1), e que hoje figura no espólio que doou à OA, dizem os autores que “a pureza de construir” se exprime em qualquer edificação por quatro elementos: as fundações que a prendem à terra, a estrutura que a suporta, a cobertura que a cobre e as paredes que a envolvem.
Nesse livro que certamente NTP leu e releu e que muitos da geração que se lhe seguiu leram e releram, na capa e depois na página 116, Corbusier apresenta um esquema manuscrito e desenhado à mão em que a propósito da comparação entre os campos socioculturais dos arquitetos e dos engenheiros coloca no lado de uns l’homme spirituel e la connaissance de l’homme e ao lado de outros l’homme économique e la connaissance des lois physiques e, explicam os autores mais adiante que o papel do arquiteto é dominante quando se trata de imaginar um templo ou uma casa e o mesmo se passa quando o engenheiro é chamado a programar uma fábrica ou a projetar uma ponte.

Foi a partir destes ingredientes, e especialmente a partir do conhecimento do Homem, que NTP projetou e construiu templos, casas e fábricas e tê-lo-á feito num turbilhão de correntes do pensamento que chegaram ao nosso país, vindos de fora ou que aqui nasceram ou aqui se desenvolveram.

Distinguem-se e interligam-se na obra de NTP o problema do realojamento para o maior número, a Modernidade e a especificidade da modernidade no caso português. Tudo isso se mistura no Inquérito à Arquitetura Regional Portuguesa e tudo isso é sintetizado em palavras suas aqui evocadas:
“…o Inquérito trouxe elementos que enriqueceram a arquitetura da habitação social que se projetava à época. Em alguns países havia uniformização dos bairros. Para nós era importante que não fossem uniformes, que tivessem em conta o território.”

Levado a cabo o Inquérito e editadas as suas primeiras conclusões, NTP ter-se-á lamentado entre amigos de, por razões particulares e de trabalho, não ter dado como desejaria maior contributo para a sua feitura, remetendo todo o mérito do trabalho apresentado para os dois membros juniores da equipa que coordenara. Talvez aqui resida a modestíssima referência que na sua autobiografia fez ao acontecimento.
Pois afirmo eu, um dos juniores dessa equipa e na certeza que o outro, António Pinto de Freitas, afirmaria o mesmo, que o lamento foi injustificado e que a presença de NTP se revelou constante e influente, desde o princípio ao fim do trabalho.

Recorde-se que o país havia sido dividido por questões metodológicas em seis zonas, atribuídas a arquitetos séniores, sabedores e prestigiados segundo afinidades ou ligações que teriam a esses territórios: Távora com o Minho, Lixa Filgueiras com Trás-os-Montes, Keil do Amaral com as Beiras, Frederico George com o Alentejo, Pires Martins com o Algarve.
A Zona 4, região Oeste do Maciço Estremenho, Vale do Tejo até Constância e Península de Setúbal terá sido menosprezada ao suspeitar-se que, pela proximidade à capital, a sua natural evolução tivesse sido afetada.
Aceitou-a NTP e em boa hora o fez pois o território que coube na Zona 4 veio a revelar-se alfobre fecundo de análise, com esplendorosas e singulares revelações. Talvez por ter uma posição central em relação ao país, charneira entre o Portugal Mediterrânico e o Portugal Atlântico, tal como Orlando Ribeiro o descrevera. Estava lá tudo: as diversas formas de ocupação do território, o mosaico das culturas, minifúndios, foros, latifúndios, casarios tanto empoleirados em serrarias como espraiados em planícies, patrões e assalariados, pescadores ou camponeses, mulheres, homens, velhos e crianças.

Sem que nunca o tivesse revelado, tinha NTP achado necessário juntar à sua formação beausartiana a economia como criação de riqueza coletiva, o paisagismo como revelação de transformação do território e a geografia como registo dessa transformação e tudo isso, sem alarde e com desejo de partilha, foi ele transmitindo aos mais jovens membros da equipa.

Por tudo isto se quebraram na Zona 4 todas as críticas que após as primeiras divulgações dos resultados do Inquérito lhe foram feitas e muito especialmente a que terá sido a mais injusta e talvez a mais dolorosa para quem nele colaborou – que o Inquérito tinha sido neutro em relação à realidade social do país e que os seus agentes tinham sido seduzidos pela riqueza formal dos exemplos colhidos.
Se é verdade que a sedução existiu é também verdade que ela é oposta no seu significado à distinção (denunciada no 1º Congresso) que anos antes o SNI fizera em relação a Monsanto, “a aldeia mais portuguesa de Portugal”, pois se aí havia um elogio ao miserabilismo, no Inquérito reconhecia-se a grande capacidade do povo português de “superar as bases materiais da sua existência e, utilizando fracos recursos e materiais pobres, construir conjuntos de grande riqueza emotiva”, dignos e coerentes com os sítios onde se implantavam.

Em relação à neutralidade política releiam-se os textos da Zona 4 e lá se encontrará dito que “a paisagem é cenário vivo de uma luta continuada e sem heróis vistosos…a velha e a moça que removem o chão pedregoso apresentam-se como um símbolo…o gesto delas repete-se desde há muitas vidas…no campo, nos povoados ribeirinhos ou nos do interior todos trabalham – mostram-nos isso os corpos curvados, os pés e as mãos que desaparecem na água parada dos arrozais ou as figuras ajoujadas pelos carregos nas salinas, nas praias ou nas secas do bacalhau…cerca de um terço dos que trabalham na agricultura são mulheres, recebem menos que os homens pelas mesmas tarefas e depois de todo o dia no campo há ainda que cuidar da casa e dos filhos – as crias e os trabalhos roubam-lhes rapidamente o viço de moçoilas… a estes podem juntar-se os artesãos e os pequenos patrões dirigentes de dois ou três assalariados, parceiros da mesma penúria…são, ao fim e ao cabo, quase todos pobres de tudo e só ricos de trabalho e de filhos”. E porque o Inquérito foi feito à arquitetura regional, popular e erudita, também lá se encontrará escrito que os “solares e os palácios não se furtam à influência do ambiente e dos homens que os rodeiam, os quais contribuíram para a sua edificação com o saber e o esforço de muitas gerações”. A própria dualidade em que o país se reparte é referida na Zona 4, pois aí se escreveu que “enquanto nos concelhos da margem direita do Tejo no distrito de Santarém [onde predominam as Quintas e a propriedade é dividida] para cada patrão agrícola trabalham cerca de 5 a 9 assalariados, na margem esquerda [onde predominam os Montes, os latifúndios e as grandes aldeias dos sem terra] esse número é sempre superior a 10.
É provável que nenhuma destas frases tenha sido botada no papel pela mão de NTP, é certo que nenhuma das imagens que figuram no ficheiro do Inquérito tenha passado pela objetiva da sua Voigtländer, mas aqui se reafirma e jura que todas elas advêm do seu espírito e da sua presença.
A par de críticas que foram dirigidas ao Inquérito juntou-se um elogio feito por alguns à Zona 4, referindo-se-lhe como sendo aquela em que a população é mais fotografada – mulheres, homens, velhos e crianças, às vezes a divertirem-se, a maior parte das vezes a trabalharem e então poder-se-á dizer que aquela é a Zona que mais incluída está no espírito de mostrar a realidade.

Foi elementar “a forma de fazer” do Inquérito na Zona 4 – seguindo, com alguma liberdade, o guião que lhes tinha sido fornecido, os dois juniores da equipa, munidos de cartas à escala de 1 para 25000 fornecidas pelos Serviços Cartográficos do Exército, percorriam sistematicamente o território que lhes fora confiado em busca de descobertas que foram, na maior parte das vezes, exaltantes. Numa periodicidade previamente acordada ou ajustada às circunstâncias, quando tida por necessária, Nuno Teotónio Pereira acompanhava-os e iam todos no “carocha” verificando as conclusões ou traçando novos rumos da investigação. Dormiam em pensões modestas e comiam onde calhava. Tudo tendo como fio condutor interessantíssimas conversas, ao mesmo tempo que iam coletando a pequena história.

Terá sido na gândara que é o interland da costa baixa do Pinhal de Leiria, num caminho arenoso que ocultava pedras e covas. A certa altura o volkswagen para e recusa-se a andar. Pânico entre os juniores e a mesma calma de sempre por parte de NTP. Aproxima-se um camponês que pergunta com um ar jocoso, enquanto os mira e dá voltas ao carro – então o carrinho não anda?…então o carrinho não quer andar?… Irritação crescente por parte dos juniores, continuada calma por parte de NTP que, depois de mais algumas insistências, teme agora que o motor esteja “afogado” e espera sentado no seu lugar. Silêncio que o homem aproveita para voltar a perguntar: então o carrinho não quer andar? Sugerindo que o melhor era irmos a pé até uma aldeia que havia ali próximo e que lá pedíssemos ajuda… talvez lá houvesse quem tivesse uma junta de bois e aceitasse rebocar o carrinho dali para fora. Isto ocorreu em fins de outono, já o inverno se anunciava a essa altura do ano, os crepúsculos são rápidos e os juniores já sentiam chegar até eles o desconforto da situação pois à volta deles não se via alma. Já escurecia e o homem parecia cada vez mais rejubilar com a aflição dos citadinos. Aflição que não atingiu NTP, que calmamente se levantou de onde estava, agradeceu ao homem e, com delicadeza, recusou a sugestão e, com a mesma delicadeza, deu a entender que ele se poderia ir embora e nos deixasse resolver o problema sozinhos e depois, com a mesma tranquilidade, abre o capô traseiro do carro e verifica se os cabos que deveriam ligar o motor de arranque à bobine, a bobine ao distribuidor e o distribuidor às velas estavam convenientemente ligados. Não estavam, havia um que com os solavancos do caminho se desprendera. Jubilo entre os juniores mal o motor se pôs de novo a trabalhar, com olhares triunfantes para o homem, agora calado e de boca aberta. Arrancou o Nuno, com os juniores já refugiados no carro, sem que antes não tivesse, com secura mas sem azedume, desejado boa tarde ao homem.
Talvez aqui se imponha fazer uma breve referência ao desconforto que a situação provocara nos juniores. As abordagens que os membros do Inquérito, tanto os séniores, como os juniores, faziam à população eram sempre bem acolhidas e foram frequentes os casos que chegaram à cordialidade com a troca de correspondência e o envio posterior de fotografias. Sucedia que o homem que começara por ser irónico na voz, na repetição da pergunta, no acentuar da palavra “carrinho” e na sugestão de irem procurar auxílio a uma junta de bois, denotava segurança e superioridade em relação aos citadinos e o tom ia passando do irónico ao sádico e já quase atingia a agressividade. Acrescente-se que ambos os juniores eram cineclubistas e naquela altura muitos ecrãs davam guarida privilegiada ao cinema negro francês e havia pelo menos um deles, o que aqui se confessa, que talvez exageradamente se lembrasse do impressionante Nous sommes tous des assassins (André Cayatte, 1952) e do confronto entre o comportamento dos rústicos e a cruel resposta dos “civilizados”.
Apreensão que NTP poderia sentir mas que de maneira nenhuma revelou na ocasião.

Passou-se numa povoação de beira-mar na costa baixa – casas, praia, mar. Ainda o Estado Novo não fizera a asfaltosa marginal do costume quando o Inquérito por lá passou. Nem a marginal nem o porto de abrigo, porque esse só viria a ser construído muitas dezenas de anos depois. Apesar da pesquisa que então foi feita se dirigisse preferencialmente ao espaço rural e à ocupação edificada do território, a frequência com que naquele aglomerado um determinado tipo de edifício se repetia, levou NTP e os juniores a estudá-los.
Foi num dia de borrasca, vento em rajadas furiosas, chuva, mar increpado. Nas ruas havia gente ansiosa e parada e outros que corriam para junto ao mar, gritando que havia barcos no mar aberto e que não conseguiam varar. Ainda que sentindo o peso do drama, a equipa não desistiu de entrar numa casa e verificar se a ocorrência tipológica tinha relação com a organização interna do fogo e para tal dirigiu-se a um grupo de mulheres que se reunia junto a uma porta, explicando-lhes a pretensão e pedindo licença para visitar a casa. Talvez o vento, a chuva e o dramatismo da situação que ocorria no mar tivesse levado a quem no grupo parecia mais responsável a anuir com alguma desatenção dizendo que sim, que entrassem, a porta estava aberta.
Ai valha-nos Deus…
A casa era pequena, duas ou três divisões no piso térreo, um quintal nas traseiras e uma escada de tiro para um primeiro andar onde havia dois quartos, tudo sem aparente interesse documental. Subiram e foi num desses quartos que estourou o drama: no alheamento que a situação causava, o vento, a chuva, o rugir das vagas e a preocupação do que se passava no mar, ninguém os avisara que num daqueles quartos se quedava sentada num cadeirão alguém atingida pela loucura e que ao ver aqueles homens desconhecidos a entrarem por ali dentro se levantou num repente, de dedo em riste em direção ao rosto de Nuno:
Foste tu, foste tu que mataste o irmão do Senhor Prior!
Fuga precipitada dos juniores, de roldão escada abaixo até à rua, ofegantes. Controlo absoluto da situação por parte de NTP, que os juniores encontraram quando voltaram envergonhadíssimos, a acalmar a desgraçada com evangélica bondade e compreensão.

O nome de Nuno Teotónio Pereira não figura em nenhuma das Exposições Gerais de Artes Plásticas e ele próprio se refere a isso num escrito autobiográfico e explica o facto afirmando que os convites à participação eram de caráter restritivo e provinham de uma única corrente de pensamento simultaneamente política e cultural.
Custa, no entanto, a crer que NTP, pelo seu caráter, pela sua formação e pela ânsia de solidariedade que sempre manifestou, não tenha sido tocado por um movimento artístico nascido e desenvolvido no meridião europeu, mediterrânico, portanto, empenhado em descrever a realidade como ela se apresentava no após-guerra e de o ter feito através da literatura, das artes plásticas, da fotografia e do cinema. Uma arte de vanguarda, objetiva, documental, que utilizava uma forma simples e direta de se debruçar sobre a vida das pessoas e das comunidades através dos problemas quotidianos das famílias e dos indivíduos. Arte que no nosso país foi fulgurante na pintura e na literatura e passou de raspão pelo cinema (talvez a Canção da Terra de Jorge Brum do Canto, estreado em 1938, seja o único filme verdadeiramente neorrealista português).
Arte, entre nós, centrada quase exclusivamente em aspetos do mundo rural, tendo-se alheado do mundo urbano e dos problemas da cidade (em Itália, em 1947, Luigi Zampa dar-nos-ia a L’Onorevole Angelina, Cesare Zavattini e Vittorio De Sica assinavam em 1952 Umberto D, e em 1959 Giuseppe De Santis e outros realizavam Riso Amaro, este último centrado no drama do cultivo do arroz no Vale do Pó, os dois primeiros impressionantemente urbanos, abordando o trágico problema dos despejos).

Aqui se afirma, com a coragem, o atrevimento ou a inconsciência de quem fala sozinho, que os prédios que NTP projetou para os Olivais-Norte misturaram o tempo, o sítio e as gentes e daí resultam exemplares de arquitetura neorrealista.
É o que se pretende demonstrar de seguida:
o modelo até então utilizado pelo Estado Novo nas várias tentativas que fizera para resolver o problema do alojamento para o maior número baseava-se na miniaturização da habitação burguesa – compartimentação em minúsculas “assoalhadas”, fossem salas ou quartos, uma cozinha e uma casa de banho mínimas. E tanto podia ser ao tratar-se de uma moradia isolada num pequeno lote como num prédio de andares. Nuno Portas descrevia com ironia o modelo dizendo que seria uma casa para a classe média vista através de um binóculo virado ao contrário.
Tanto num caso, como no outro, em qualquer das alternativas, era dificultado, se não intencionalmente interdito, o uso compartilhado de qualquer espaço de convívio. A vivência era confinada ao fogo e o que NTP fez, em atitude de rutura, de inovação e até certo ponto de rebeldia foi, de forma imaginativa, juntar ao binário espaço interior (privado) – espaço exterior (público) um terceiro espaço vicinal, interior ou exterior, de convívio entre vizinhos.
Sem dúvida que para explicar estes conceitos melhor será que o escriba se cale e que dê lugar a ditos e escritos de Nuno Teotónio Pereira:
“… abre-se a porta [da casa] e logo ali à frente estão as escadas e não há espaço com bancos para as pessoas se encontrarem, os vizinhos conversarem uns com os outros… fiz nos Olivais (nas bandas) uma espécie de satélite destacado do edifício com essas duas funções. A arrecadação e o ponto de encontro e convívio [onde há um banco]. E com a arte [onde há sempre um painel decorativo] … era um tema fascinante… tenho-o em vários projetos do atelier… era fascinante porque, em termos de realojamento, permitia que as pessoas que iam habitar os novos prédios mantivessem as suas relações de amizade, de entreajuda, etc. e continuassem a ser vizinhos uns dos outros.” É como se o espaço interno familiar se dilatasse, descesse as escadas e se espraiasse em frente de toda a banda, aconchegado, de prédio para prédio, entre as fachadas e os pequenos volumes fronteiros e se tornasse vicinal, usufruído por todos os vizinhos.

O mesmo efeito e uma solução diferente ocorre nas torres que NTP, com António Pinto de Freitas (que foi um dos juniores da equipa da Zona 4) e Nuno Portas projetaram para a mesma rua de Olivais-Norte.

Só que aqui os locais de convívio são solo artificial – o patim que acolhe a vida vicinal piso a piso. Mas lá há também bancos para as pessoas se sentarem e conversarem, espaço para as crianças conviverem, flores nas floreiras e painéis decorativos, expostos em feição de arte pública, isto é, que todos os possam usufruir, independentemente de quem são, porque são de todos.

Poder-se-á dizer que em todos os projetos, pensados e desenhados por Nuno Teotónio Pereira, cada traço, figurasse ele num corte, numa planta ou num alçado, tinha uma finalidade exata e um significado cultural determinante. Nada foi gratuito, ditado por modas ou pelo “ficar bem”. Uma arquitetura enxuta.

Foi teatral e cinematográfico o espaço vicinal que NTP inventou nos Olivais-Norte – primeiros planos e planos longínquos, vistas mergulhantes nas escadas e que nos patins se prolongam para o ar livre circundante.
Todas as imagens poderiam adquirir vivências cénicas nas bandas e nas torres de Olivais-Norte:
patins e escadas podiam servir de cenários à comédia A vizinha do lado, se os tempos não fossem outros; no espaço em frente às bandas, podia instalar-se um arraial e filmar um novo Pátio das Cantigas, de janela para janela; no pátio ou no estendal da cobertura podia rodar-se Una giornata particolare.

Ética e Estética. Um sítio e gentes. Uma Arquitetura Nova e Realista.

(1) A primeira publicação assinada por NTP de que há conhecimento é precisamente a tradução de parte da La Maison des Hommes, impressa na Técnica: Revista de Engenharia dos Alunos do IST, nº 138, maio 1943.


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