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O Restelo no centenário de NTP

Realiza-se no sábado, 21 de de Maio, o 3º passeio organizado pelo Fórum Cidadania Lisboa. O ponto de encontro está marcado para o entroncamento da R. Pedro de Sintra com a R. Gonçalo Velho, às 11h. Não é necessária inscrição, basta aparecer.

O passeio será guiado pelo arquiteto Pedro Viana Botelho, elemento da equipa – com NTP e João Paciência – que projetou, em duas fases diferentes (1971-1975 e 1980-1985) os edifícios no quadro do Plano de Urbanização do Restelo (1970-1972), empreendimento promovido pela Câmara Municipal de Lisboa – EPUL, e que mereceram Menções Honrosas do Prémio Valmor 1987 e 1988.

Em 1994 (“Bairro do Restelo”. Santana, Francisco; Sucena, Eduardo (dir.). Dicionário da História de Lisboa. Lisboa: Carlos Quintas & Associados – Consultores, Lda.), o Nuno intoduzia assim o bairro:

A designação de Restelo vem da praia que se estendia de Belém até Pedrouços, ao largo da qual foi edificada a torre manuelina, e a que Camões se refere em “Os Lusíadas“. A encosta sobranceira, em suave declive para o Tejo, tomou-lhe o nome e, nessa zona, ocupada em rande parte pela cerca do mosteiro dos Jerónimos, existem as capelas quinhentistas do Santo Cristo e de S. Jerónimo, no meio de um terreno baldio que se prolongou até aos meados do século XX. Por volta de 1940, ao abrigo de um Plano de Urbanização delineado pelo arquitecto Faria da Costa, no quadro da renovação da zona de Belém empreendida por Duarte Pacheco, foram feitas as primeiras construções na base da encosta, constituídas por um bairro de Casas Económicas. Mais tarde este bairro foi dotado de um centro comercial sob projecto do arquitecto Chorão Ramalho.

O plano de Faria da Costa viria a desempenhar um papel de relevo na urbanização de Lisboa e no seu crescimento em direcção à então chamada Costa do Sol. Zona de vistas privilegiadas, foi destinada à construção de moradias, tipologia de que se sentia falta na cidade e que foram construídas por famílias abastadas, ocupadas hoje em grande parte por embaixadas de países estrangeiros. Ao mesmo tempo, no seu lado oriental, junto a Belém e por cima dos Jerónimos, foi construído o estádio do Clube de Futebol Os Belenenses, da autoria do arquitecto Carlos Ramos, conhecido por estádio do Restelo.

Ocupada a encosta por moradias cercadas por jardins, foi encomendado ao arquitecto Zinho Antunes um plano chamado do Alto do Restelo, para urbanização do topo da colina, paredes meias com o Parque Florestal do Monsanto, ao qual foi subtraída uma faixa considerável. No âmbito deste Plano foram construídas as chamadas Torres do Restelo, com uma volumetria excessiva para o local, facto que a Câmara da Presidência de Santos e Castro reconheceu, encomendando aos arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas a revisão daquele Plano.

Elaborado este novo Plano em 1972, no qual se previa uma construção mista de moradias em correnteza e blocos habitacionais de pequena altura, a ligação com os diferentes tecidos construídos em redor e um centro cívico-comercial, foram os terrenos cedidos à recém-constituída EPUL – Empresa Pública de Urbanização de Lisboa, que aí iniciou o seu primeiro empreendimento. Planeada a construção por fases, foi-se a mesma arrastando com a edificação, já nos anos 1980, do chamado Quarteirão Rosa, que mereceu duas menções honrosas do Prémio Valmor em 1987 e 1988. Nos projectos trabalharam ainda, em associação com os autores do Plano, os arquitectos Pedro Botelho e João Paciência e por parte da EPUL o arquitecto Vítor Alberto, na parte ocidental.

Tendo ficado por construir toda a encosta nascente, foi aberto pela EPUL em 1992 um concurso público para a conclusão do bairro, tendo sido escolhida para execução a proposta apresentada pelo arquitecto Nuno Leónidas.”