Arquitetura

Álvaro Siza Vieira

A atribuição a Álvaro Siza Vieira de premiações de carácter verdadeiramente excepcional não vem mais do que consagrar a sua obra como das mais importantes no panorama da arquitectura mundial. Com efeito, o galardão atribuído pela Fundação Alvar Aalto – um dos grandes arquitectos deste século – só raramente tem sido atribuído; do mesmo modo, a medalha de ouro do Conselho Superior dos Colégios de Arquitectos de Espanha, atribuída anualmente, foi pela primeira vez concedida a um arquitecto não espanhol.

Se esta consagração não será uma surpresa para quem esteja a par das obras mais significativas e dos grandes nomes da arquitectura actual, já o mesmo não se poderá infelizmente dizer da opinião pública em Portugal, mesmo nos meios considerados cultivados. E isto, não só porque Álvaro Siza tem pouca obra construída no nosso país, como também porque o seu nome só raramente e discretamente é publicitado quando se fala de Arquitectura entre nós – apesar de aqui residir e de ser há muito professor na Faculdade de Arquitectura do Porto. É assim que estes galardões vêm chamar a atenção para a maneira como muitas vezes são tratados os valores nacionais.

A verdade é que Álvaro Siza, durante décadas, não teve qualquer encomenda por parte dos poderes públicos em Portugal. As únicas excepções são alguns projectos SAAL na cidade do Porto e o bairro da Malagueira, em Évora, trabalhos encomendados logo após o 25 de Abril. Mas todos eles não concluídos e votados ao abandono, por motivos cuja explicação não pode deixar de ser política. Só recentemente a Malagueira recebeu um novo impulso.

Esta situação de proscrito na sua própria Pátria está hoje felizmente alterada: Álvaro Siza tem neste momento em obra ou entre mãos alguns trabalhos significativos de encomenda pública. Mas será preciso que se concretizem no terreno para que os portugueses possam finalmente conhecer, apreciar e viver a sua obra.

PEREIRA, Nuno Teotónio. “Sobre Álvaro Siza Vieira”. Original impresso, ago. 1988, 1 p.
Publicação desconhecida.

 

MENSAGEM PARA A SESSÃO DE HOMENAGEM AO ARQ. ÁLVARO SIZA
Teatro 1º Acto, 12 de Outubro de 2011

Caros amigos

É com profunda emoção que me associo à homenagem hoje realizada pelo Teatro 1º Acto ao grande Colega, Amigo e Mestre Álvaro Siza.

Emoção que me faz sentir com todo o ardor aquela mesma que experimentei aquando das visitas que fiz, com um pequeno grupo de colegas, às casas de Matosinhos e, mais tarde, acompanhado pelo Nuno Portas, à Casa de Chá de Leça da Palmeira, ainda em construção. Vi nessa altura, com toda a nitidez, uma inesperada originalidade, onde arquitectura e natureza fazem um todo. Siza tinha começado a fazer parte do futuro da Arquitectura.

Com estas e outras excepcionais qualidades, Siza não criou um estilo, nem sequer uma tendência. As suas obras, construídas em vários pontos do mundo, não constituem uma escola, pois são sempre uma surpresa, algo que, de cada vez, nasce inteiramente de novo.

Não posso deixar também de exprimir a minha emoção por esta homenagem se efectuar no Teatro 1º Acto, fundado e dirigido por Armando Caldas, o qual, desde o início desta sua aventura, me serviu de exemplo para aspectos importantes nos anos que já vivi.

Para ambos, um grande abraço fraterno
Nuno Teotónio Pereira

PEREIRA, Nuno Teotónio. “Mensagem para a sessão de homenagem ao Arq. Álvaro Siza”. Original impresso, 10 out. 2011, 1 p.

ÁLVARO JOAQUIM DE MELO SIZA VIEIRA (1933-). Arquiteto.