Queridos Amigos,
Tive dificuldade em responder ao vosso desafio, porque sinto imenso, nesta escrita, a ausência do Eduardo.
Lembro-me do Eduardo me contar, repetidas vezes, sobre a viagem pelo Portugal do Centro, do Norte e do Sul que fez com o Nuno para contactar com os amigos do MES. Entusiasmava-me com a descrição das pessoas, paisagens, construções que tinha visitado com o olhar perspicaz do Nuno, conduzindo a diversas “excursões” de nós os dois.
Lembro-me dos almoços animados, que se estendiam até à noite, na nossa casa, na Cova da Moura, do Nuno, em conjunto com o Dr. Borges Coutinho, a Marquesa Vermelha a cantar, e outros amigos dos Açores e “continente”.
O Nuno gostava de caminhar pelo bairro da Cova da Moura, questionando os vizinhos sobre a construção da sua casa, sobre os espaços públicos, sobre o “djunta mô”.
Foi o Nuno que motivou o Luís Borges da Gama a elaborar um projeto para recuperação das ruínas do moinho da Cova da Moura para nele instalar uma biblioteca e uma sala de leitura. Ofereceu este projeto à Associação Cultural Moinho da Juventude no dia 25 de abril de 1987. Apresentamos, em várias reuniões, este projeto na Câmara Municipal da Amadora e na Junta de Freguesia da Buraca, mas sem sucesso, até hoje.
Foi o Nuno quem incitou Agostinho da Silva a tornar-se sócio do Moinho.
Em 1988, quando o Moinho foi despejado das suas instalações, o Nuno apoiou a campanha de “Títulos de Solidariedade” para a construção da nova Sede. Veio à inauguração da nova Sede do Moinho em 1989. Participou em diversas festas do Kola San Jon e dos aniversários do Moinho.
Djunta Mô,
Lieve Meersschaert
Alto da Cova da Moura, 30 de dezembro de 2021