Assuntos pessoais

Luís Brás Jorge

Caros amigos, Nuno e Natália foram para mim tão importantes que quis absolutamente tê-los comigo no dia em que me casei com a Susete. E ali estiveram a ver o nosso arranque para uma vida a dois. Foi em 18 de Dezembro de 1965. É bom que saibais que eles foram para nós, em dada altura da nossa vida, “família”. Digo-o com toda a sinceridade que os meus 78 anos me autorizam. Já vos disse, creio, que eles foram “ícones” para muitos jovens com 18,19,20 anos, naqueles salazarentos anos 60. Sobretudo quando nos perguntávamos o que íamos fazer das nossas vidas.

Depois, seis meses depois, evaporámo-nos, fugimos à guerra colonial, e a vida foi o que foi. Passei 9 anos sem Portugal (até ao 25 de Abril de 74). Nunca esquecerei aqueles dois (vossos pais), acompanhei como pude, de longe, mas sempre, sempre, sem esquecer que eles sim, valia a pena tê-los conhecido e tê-los visto viver. Só voltei a ver o Nuno na TV, e a ler entrevistas e depoimentos: sempre BOM, sempre ELE! Para mim ficou uma referência para sempre, o que não acontece com tanta gente que cruzei ao longo da minha vida como isso! EXEMPLARES sem dúvida alguma. Como eles alimentavam em nós o ideal de uma vida limpa, a valer a pena de se viver!

O Nuno foi um homem bom, simples, e grande homem, muito grande!

Luís Brás Jorge
Julho de 2021