A Assembleia Municipal de Marvão aprovou por unanimidade, na sua sessão ordinária de 25/02/2022, um voto de reconhecimento pelo centenário do nascimento de Nuno Teotónio Pereira. Este voto que aqui se reproduz foi lido pelo Presidente da Assembleia Municipal de Marvão, Jorge Marques, que destacou a ligação de Nuno Teotónio Pereira ao concelho.
Voto de reconhecimento pelo centenário do nascimento de Nuno Teotónio Pereira
“Por ocasião do centenário do nascimento de Nuno Teotónio Pereira é importante reconhece-lo não só como arquitecto, mas também como um homem de cultura e um cidadão inteiro, que actuou em vários planos -social, cívico e político.
Nuno Teotónio Pereira foi um Homem do Norte Alentejano. Pelos anos 60, num passeio, descobriu Marvão. Com a mulher, ficaram ambos apaixonados por sua agreste e fortificada paisagem. Em 1966 adquiriram uma residência com a intenção de passarem férias, no entanto, a casa teve outras e bem diversas utilizações, como a de base de apoio para actividades “clandestinas”, como encontros com correligionários ou pontos de partida para estratégicas fugas através da fronteira próxima, pelos esconsos caminhos de La Fontañera.
Foi também noutro campo de intervenção, cívica e política, que ele se tornou um norte-alentejano do coração, ainda que não de nascimento. Logo em 1969, fez parte da lista da Comissão Democrática Eleitoral (CDE) nas eleições para a Assembleia Nacional, pelo círculo de Portalegre.
Após o 25 de abril, que o surpreendeu preso em Caxias, continuou a investir na construção da democracia participada em que acreditava, nunca vacilando ou se acomodando a outros valores, senão a verdade e a conquista da liberdade e da emancipação. Os outros, sempre foram a sua maior motivação.
Foi um dos oradores do comício do Primeiro de Maio de 1974, em Lisboa
Em 1975, já em Democracia, foi cabeça de lista do Movimento de Esquerda Socialista (MES) nas eleições para a Assembleia Constituinte, pelo distrito de Portalegre.
O brilhante e corajoso percurso cívico equivale, em Nuno Teotónio Pereira, à sua competência profissional. Ele foi, como muito bem o descreveram, um arquitecto de causas sociais. A arquitectura, nele, foi sempre um compromisso com os direitos fundamentais da pessoa humana e com a transformação estética e política do mundo.
A 8 Setembro de 2010 a Câmara Municipal de Marvão concedeu-lhe uma Medalha de Mérito. A Assembleia Municipal de Marvão, nesta época em que os exemplos de entrega aos outros e de luta pelo direito de viver em paz, e de defesa da democracia, tão significativos são, com este voto de reconhecimento, pretende unir-se às comemorações do centenário do seu nascimento.”
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