A fotografia não é uma das mais conhecidas facetas do meu pai. Todavia, ele praticava-a com gosto e com zelo; não de uma forma obsessiva, antes como que relaxada. E o zelo estendia-se às fases de catalogação e arquivo, circunstância que nos permite agora usufruir do resultado dessa actividade. No vídeo de apresentação deste website podemos descortinar uma dessas fotografias, e nela uma fragata fluindo no Tejo.
Há uma fotografia que integra, há muito, o meu imaginário imagético. Olhando-a, facilmente evoco, com um misto de melancolia e de gratidão, o passado. Mas rapidamente sou transportado a nela ver múltiplas projecções de futuros, podemos acreditar que até ao infinito, em diversos planos, nada escondendo e tudo revelando, tudo prometendo, com quebras e ângulos diversos, fotografia animada na captura do momento, na qual o seu autor se mete dentro dela, décadas antes da invenção das selfies, e se torna ele próprio personagem.
Obrigado pai, por esta fotografia.
Miguel